quarta-feira, 22 de julho de 2009

Discos voadores visitam Bocaiuva em1969.

Eram 21h, quando três discos pararam o ônibus em Bocaiuva

Cobertura: Carlos Lindenberg (textos)
Evandro Santiago (fotos)

BOCAIÚVA – Bocaiúva é uma cidade pequena, porém, decente e alegre. Durante o dia, os homens trabalham no se pequeno comércio, nos bancos e nas fazendas. À noite, é hora de cinema e de conversa na praça ou nas portas das casas. Moças e rapazes preferem o clube, que fica na praça principal. Em todas as conversas – há uma semana – o assunto é o mesmo: discos-voadores.
Bocaiúva não tem medo dos discos e parece que está até acostumada com eles. Nos últimos 15 meses, sete objetos aéreos não identificados (OANI) foram vistos pela gente de Bocaiúva. As últimas aparições deram-se há menos de 20 dias. Todos os passageiros de um ônibus viram três discos fazendo evoluções e emitindo luzes fortes. Um deles acompanhou o coletivo durante mais de meia hora. O motorista parou o carro e passou a dar sinal de luz, enquanto os passageiros eram tomados de extremo nervosismo.

Discos e ônibus

Sexta-feira, dia 7. O ônibus da empresa Tolentino, linha Januária-Belo Horizonte, com todos os seus lugares ocupados, fazia uma viagem normal. Os passageiros, na maioria gente humilde acostumada à vida rural, esperava a hora de ver a cidade grande, distante mais de 400 quilômetros.
As luzes de Bocaiúva já apareciam detrás das janelas estreitas do ônibus, que acabava de descer a serra. Eram 21h. De repente, um clarão chamou à atenção de passageiros, motorista e trocador. Vinha do meio do mato, uma pequena clareira, à beira da estrada. Três objetos de forma arredondada emitiam luz. Estavam parados no ar a mais de um metro do chão.
- “Eles eram do tamanho de um pneu”, afirma o trocador Aldair Alves Miranda, de 19 anos de idade. O ônibus continuou andando. Um dos discos levantou voo, sem fazer barulho, e passou a seguir o carro, fazendo evoluções, ora na frente, ora atrás, sempre numa distância de mais ou menos 100 metros.
A inesperada aparição assustou aos passageiros. O ônibus andava e o disco seguindo-o. O motorista Roberto não teve dúvidas. Parou o carro. Mas o objeto também parou à frente e passou a emitir raios luminosos brancos e azuis. Roberto dava sinal de luz e o objeto respondia. Os passageiros ficaram nervosos e foi preciso a gente dizer que não era nada não, mas até eu fiquei com medo. Era um negócio estranho. “A noite estava escura e aquela coisa brincando com a gente, soltando aquela luz esquisita, era para ficar com medo mesmo”.

Mais de meia hora

Aldair é um moço simples. Na Empresa ninguém dúvida de sua idoneidade, apesar de ter 19 anos. É tido como um rapaz sério, compenetrado. Não sabe explicar exatamente a forma do disco: “era arredondado e mais ou menos do tamanho de pneu de caminhão grande. Interessante é que os objetos eram três, mas só um seguiu o ônibus. Não é mentira minha não. Todos os passageiros viram. Nem foi ilusão de ótica, pois brincamos com o objeto mais de meia hora”.
A luz forte emitida pelo “OANI” não deixou que o trocador pudesse captar mais detalhes. Não viu janelas. Não ouviu ruídos. “Só sei que ele andava de um lado para outro, de cima para baixo, com muita facilidade. Uma coisa me chamou a atenção: dos dois que ficaram parados, suspensos sobre o chão, sem nenhum suporte para sustentá-los, um era meio quadrado. Não deu para ver exatamente seu formato, mas não era redondo como os outros. Pode ser que eu tenha me enganado, por causa das luzes, mas na era redondo como os outros não, repito”... ... ...

( Matéria retirada do 'Estado de Minas' - 18 de março de 1969 - Arquivo Juca Brandão)

terça-feira, 7 de julho de 2009

Teste

Bocaiúva

Eis a terra
que tantos sonhos acalenta
inefáveis, distantes...
Eis a rua
por onde andamos,
e amores tantos
tantas vezes
andaram.
Eis o cenário
mudo
meu mundo.
Inexoráveis
passaram o tempo
e os infantis amores
que apenas o olhar
denunciou.
Tudo passa...
Nós passamos...
Mas ficam as lembranças
mais fortes
mais antigas
como a cidade
como a vida
indeléveis
essas não passam,
nunca!

Postado por: PLINIO

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Dizem que feliz foi Meneceu. Numa tarde ensolarada o carteiro entregou em sua residência, na capital da Magna Grécia, uma carta de seu amigo Epicuro. No pergaminho, hoje intitulado Carta sobre a Felicidade, o filósofo nascido na ilha de Samos confiava ao amigo ateniense os segredos para alcançar-se, pela filosofia, a saúde do espírito e uma vida feliz. Dizia o filósofo que é necessário cuidar das coisas que trazem a felicidade. Com felicidade, tudo temos; sem ela, tudo fazemos para alcançá-la. Bom, e o que isso tem a ver com o post de hoje. Nada e tudo. É que inicia-se hoje a festa do Senhor do Bom-Fim, em Bocaiuva. E festa do Senhor do Bom-Fim na nossa eterna Bocaiúva é tempo de ser feliz. Tempo de rever amigos, os da terra e aqueles que veem na ocasião a oportunidade de revisitá-la. Tempo de ouvir, sem pressa, as prédicas do nosso bom Padre Maia, e sentir a contrita alma mais leve dos pecados mundanos e das vaidades que assolam as mentes atribuladas, fazendo-as desejar muito mais do que precisariam para ser feliz. Tempo entre tantas outras coisas de seguir, ainda contrito, mas repleto de devoção e fé, a procissão que desfila sua grandiosidade pelas ruas enfeitadas da cidade. Alguns descalços, outros em sandálias, todos no silêncio das suas preces e promessas, assim passa a procissão, entre cantos e orações, é tempo de lembrar que Cristo, além da Eucaristia, está presente em todos e em cada um, a caminho. Mais leve a alma, muitos pecados a menos, é hora de esticar a noite ali nas barraquinhas, que nem só de orações vive o homem. Li que a carta sobre a felicidade está guardada no Museu de Londres, mas desconfio que a biblioteca do senado brasileiro (em minúsculas mesmo) tem uma cópia. Os senadores, sempre práticos, para mostrar que por ali não se leva nada a sério mesmo, entre uma viagem e outra, determinaram, por meio de atos secretos, que a boa felicidade nada tem de epicurista, nada de bem da mente, devendo sendo mesmo hedonista da gema, prazer aqui e agora e qualquer preço, principalmente se o preço for alto. Voltemos a Bocaiúva e à festa, que é bem melhor. Que o Senhor do Bom-Fim, na sua infinita bondade e compaixão, olhe para que todos tenham uma festa de paz, alegrias e felicidade.

Plinio Eduardo Praes

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Estrear no blog da Bim não é tarefa das mais fáceis. E, pior, sem assunto. Quanta responsabilidade, meu Deus! Mas o blog da Bim é também o blog de Bocaiuva, agora sem acento tônico no u, depois da última reforma ortográfica. E Bocaiuva, com acento ou sem acento, é terra de inspiração para qualquer um que teve um dia a graça de beber da sua água. Não sei se a água de lá ainda vem do Córrego da Onça, mas que era danada de boa, lá isso era. Pura, cristalina, saborosa, boa para curar todos os males, ou pelo menos parte deles, desde bico-de-papagaio até uma boa carraspana, melhor ainda para beber. Bocaiúva do eclipse total do sol, assunto mundial naquele 1947, que já vai longe. Dessa época, vingaram a fama e o aeroporto da cidade, ali no alto, verdade que meio esquecido, imune às enchentes e quase sempre sob a poeira vermelha que denuncia as intempèries do semi-árido sertão. De lá se pode enxergar muito longe. Mais longe ainda, o ano é 1925, quase esquecido branqueia ali o belo prédio da Central do Brasil. Disse alguém que todo homem sonha e corrige sua infância com delicadezas perdidas, mesmo as que nem chegaram a existir. E quantas delicadezas não repousam ali naquele hoje velho prédio, nos trens que chegavam e partiam, apitando na curva. Passaram-se anos, outros tantos ficaram-nos pelo caminho, e como nenhum de nós conseguiu trazer o tempo roubado na algibeira (Fernando Pessoa), lá está hoje, o velho e imponente prédio, maltrapilho, abandonado entre o mato que cresce e a ação de alguns que furtam-lhe o pouco que restou, fadado ao mesmo destino da velha matriz, dos coretos, da fonte luminosa. Mas eis que surge uma esperança: Aqui mesmo no blog leio que já há um movimento para salvar o prédio da estação, restaurá-lo, transformá-lo num centro cultura, quem sabe. Antes que seja tarde, antes que nossas delicadezas de infância não se tornem apenas saudade e o velho prédio da Central apenas um retrato na parede, como a Matriz do Senhor do Bonfim.

Plinio Eduardo Praes

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Amigos bocaiuvenses, gostaria de apresentar o novo sócio deste blog : PLÍNIO EDUARDO PRAES.
Foi meu colega de primário, e naquela época morava na Avenida Montes Claros , bem pertinho da Estação Ferroviária. Ele é a pessoa que vai fazer esse blog movimentar com suas tão belas palavras....
Bim

domingo, 14 de junho de 2009

Trem da Minha Memória

De repente, desembarquei no velho mercado, ao lado da Farmácia Moura. Ainda ouço o burburinho da feira e, diante dos meus olhos, desfilam fantasmas conhecidos como Geraldo de Rodrigo, Pedro dos Matos com a sua inconfundível e comprida barba branca, Bento Caldeira, Pedrinho de Landulfo com a sua bonita dona Dasdores e, como não poderia deixar de ser, também aparecem figuras do povo, exóticas, folclóricas como o Mudinho, Anastácio, Maria Cachorro Doido e Manoel Pau de Fósforo...
Era gostoso conferir as bruacas espalhadas pelo chão, ouvir o homem da roça falar da seca, de uma esperança obstinada e imorredoura. Na parte da manhã, meus irmãos e eu, vendíamos coisas da roça: arroz, rapadura, abóboras e laranjas, produtos das Pedrinhas, fazendola do meu pai. À tarde, o banho costumeiro de sábado, numa grande bacia, debaixo de uma mangueira, e que nos serviria para o resto da semana. Depois disso, sem dinheiro para o cinema logo mais à noite e na falta de uma expectativa de uma vida melhor, eu cismava observando pernas, moças bonitas que desfilavam na praça e nunca seriam minhas namoradas... Tantos nomes, tantos rostos bonitos armazenados nos escaninhos de minha saudade...
( Darci Freire)
Cantiga de Exílio

Ah, minha Bocaiúva,
Das cantigas de roda,
Da seca...
Um coreto...
Um pomar no Pernambuco
Meu “outro lado” que se perdeu
Das boiadas cansadas
Vai longe o tempo...
Empoeiradas
Passando rente à nossa porta...
Das estórias ao pé do fogo
Sob o bordado de um céu
Que acabava atrás de um morro...
Que saudade que dá!

(Darci Freire)

A constituição de 1937 estabeleceu o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Serviço destinado a proteger o acervo de arte antiga e os monumentos de valor histórico existente em todo território Nacional.
Que pena, Bocaiuva não tinha esse conhecimento!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Tenho um amor incondicional por Bocaiuva! Faço a cada dia um amontoado de lembranças, e quando vejo fotos antigas viajo com as imagens dos antepassados ... Curiosamente me pergunto: Onde andará o passado?
Bim

Salvem a Estação!
Zé de Oliveira ou Zé Coletor, como era mais conhecido, todas as manhãs ia à estação ferroviária para ver o trem chegar, vindo de Montes Claros, e partir para Belo Horizonte. Quando ouvia a máquina apitar em cima do pontilhão do Macaúbas, ele olhava o relógio Omega ferradura e dizia: “Não atrasa!” . Às seis horas em ponto o trem parava na estação de Bocaiuva. Zé gostava de ver o trem chegar trazendo pessoas e partir levando pessoas. Sempre havia um rosto conhecido no trem, lá das bandas de Grão Mogol ou mesmo de Montes Claros. Para ele, o importante eram as pessoas que davam vida à máquina. Todas as suas manhãs eram dedicadas ao trem. Não apenas ele, contudo, dependia do trem para viver. Várias outras pessoas, chefes de família levaram uma vida na estação de trem. O trem de passageiros, o trem de baianos, o trem de carga. Pessoas como Rivadávia Brandão, seu Henrique Escalante, Saulo Vitória, Dê Lopes, João Pena, Zé Esmeraldo, e muitos, muitos outros viveram uma vida na labuta diária da estação de trens.
Criaram e educaram as suas famílias com os salários de ferroviários ou de outras atividades exercidas na estação. Como nas manhãs, todas as tardes, no mesmo horário, invariavelmente, Zé de Oliveira voltava à estação para ver o trem voltando de Belo Horizonte.. Faltando alguns segundos para as seis da tarde, o trem apitava na curva do Tatu. Zé conferia o relógio. Em cima da hora ou no prego, como dizia ele. A rápida parada do trem, com os vários vagões cheios de pessoas sorridentes, bastava para a festa de Zé de Oliveira. Hoje, e faz muito tempo, o trem não passa mais trazendo pessoas nos vários vagões de primeira e de segunda. As viagens são feitas de ônibus, com maiores riscos nas estradas abandonadas que geram riquezas mas não dão segurança. Como a maioria das estações da malha ferroviária brasileira, de norte a sul, a estação de Bocaiuva, no quilômetro 1..045, está abandonada, se desmanchando aos pedaços, revelando o caos do sistema ferroviário do Brasil.
Enquanto é possível percorrer toda a Europa de trem, indo de Lisboa a Moscou, e pagando-se um só bilhete, no Brasil não se viaja mais de trem a não ser em condições de turismo como em Tiradentes e São João Del Rei ou em Bento Gonçalves, e em poucas cidades brasileiras. Um grupo de bocaiuvenses, tendo à frente Bim Brandão, na página Bocaiuva, do Orkut, lançou um brado de socorro: SALVEM A ESTAÇÃO DE BOCAIUVA! O apelo encontrou eco em outras pessoas e já chegou a Bocaiuva. As autoridades começam a se despertar para o problema e discutem os caminhos da sua solução. Mais pessoas na cidade se engajam na campanha para salvar a estação em abandono e fazer naquele espaço, depois de restaurado, um espaço voltado para atividades culturais para o povo.
Mais pessoas podem participar da luta a favor da estação. Basta entrar ná página BOCAIUVA MINAS GERAIS no orkut e aumentar o número de pessoas que ainda acreditam que nem tudo está perdido, que, com boa, vontade e sem demagogia, é possível recuperar o patrimônio histórico da cidade. Todos, pois, à luta para reconstruir a estação de trem de Bocaiuva e de outras cidades, enquanto o trem não volta a passar. Quem sabe, um dia, ele apitará na ponte do Macaúbas conduzindo novamente pessoas? **** ***** Antônio Augusto dos santos

terça-feira, 10 de março de 2009

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

"Orgulho-me de Bocaiúva.

Nenhuma cidade é como ela.

Não existe lugar algum onde o mendigo é tão respeitado. Aqui, todos amamos os nossos “doidos”, cuidamos deles, Nos interessamos em saber como está o Muquirana a Julieta, o Iskambau, o Tim Foguete... Importamos-nos um com o outro e vivemos a dor e a alegria do conterrâneo como se estivesse acontecendo conosco. Bocaiúva é uma cidade diferente que, apenas as pessoas mais sensíveis, chegando aqui, compreendem a nossa maneira de sentir. Entendem a Alma de Bocaiúva. " (Roberto R. Andrade)

Muquirana,
uma figura folclórica!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009