sexta-feira, 3 de julho de 2009

Dizem que feliz foi Meneceu. Numa tarde ensolarada o carteiro entregou em sua residência, na capital da Magna Grécia, uma carta de seu amigo Epicuro. No pergaminho, hoje intitulado Carta sobre a Felicidade, o filósofo nascido na ilha de Samos confiava ao amigo ateniense os segredos para alcançar-se, pela filosofia, a saúde do espírito e uma vida feliz. Dizia o filósofo que é necessário cuidar das coisas que trazem a felicidade. Com felicidade, tudo temos; sem ela, tudo fazemos para alcançá-la. Bom, e o que isso tem a ver com o post de hoje. Nada e tudo. É que inicia-se hoje a festa do Senhor do Bom-Fim, em Bocaiuva. E festa do Senhor do Bom-Fim na nossa eterna Bocaiúva é tempo de ser feliz. Tempo de rever amigos, os da terra e aqueles que veem na ocasião a oportunidade de revisitá-la. Tempo de ouvir, sem pressa, as prédicas do nosso bom Padre Maia, e sentir a contrita alma mais leve dos pecados mundanos e das vaidades que assolam as mentes atribuladas, fazendo-as desejar muito mais do que precisariam para ser feliz. Tempo entre tantas outras coisas de seguir, ainda contrito, mas repleto de devoção e fé, a procissão que desfila sua grandiosidade pelas ruas enfeitadas da cidade. Alguns descalços, outros em sandálias, todos no silêncio das suas preces e promessas, assim passa a procissão, entre cantos e orações, é tempo de lembrar que Cristo, além da Eucaristia, está presente em todos e em cada um, a caminho. Mais leve a alma, muitos pecados a menos, é hora de esticar a noite ali nas barraquinhas, que nem só de orações vive o homem. Li que a carta sobre a felicidade está guardada no Museu de Londres, mas desconfio que a biblioteca do senado brasileiro (em minúsculas mesmo) tem uma cópia. Os senadores, sempre práticos, para mostrar que por ali não se leva nada a sério mesmo, entre uma viagem e outra, determinaram, por meio de atos secretos, que a boa felicidade nada tem de epicurista, nada de bem da mente, devendo sendo mesmo hedonista da gema, prazer aqui e agora e qualquer preço, principalmente se o preço for alto. Voltemos a Bocaiúva e à festa, que é bem melhor. Que o Senhor do Bom-Fim, na sua infinita bondade e compaixão, olhe para que todos tenham uma festa de paz, alegrias e felicidade.

Plinio Eduardo Praes

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