segunda-feira, 25 de maio de 2009

Tenho um amor incondicional por Bocaiuva! Faço a cada dia um amontoado de lembranças, e quando vejo fotos antigas viajo com as imagens dos antepassados ... Curiosamente me pergunto: Onde andará o passado?
Bim

Salvem a Estação!
Zé de Oliveira ou Zé Coletor, como era mais conhecido, todas as manhãs ia à estação ferroviária para ver o trem chegar, vindo de Montes Claros, e partir para Belo Horizonte. Quando ouvia a máquina apitar em cima do pontilhão do Macaúbas, ele olhava o relógio Omega ferradura e dizia: “Não atrasa!” . Às seis horas em ponto o trem parava na estação de Bocaiuva. Zé gostava de ver o trem chegar trazendo pessoas e partir levando pessoas. Sempre havia um rosto conhecido no trem, lá das bandas de Grão Mogol ou mesmo de Montes Claros. Para ele, o importante eram as pessoas que davam vida à máquina. Todas as suas manhãs eram dedicadas ao trem. Não apenas ele, contudo, dependia do trem para viver. Várias outras pessoas, chefes de família levaram uma vida na estação de trem. O trem de passageiros, o trem de baianos, o trem de carga. Pessoas como Rivadávia Brandão, seu Henrique Escalante, Saulo Vitória, Dê Lopes, João Pena, Zé Esmeraldo, e muitos, muitos outros viveram uma vida na labuta diária da estação de trens.
Criaram e educaram as suas famílias com os salários de ferroviários ou de outras atividades exercidas na estação. Como nas manhãs, todas as tardes, no mesmo horário, invariavelmente, Zé de Oliveira voltava à estação para ver o trem voltando de Belo Horizonte.. Faltando alguns segundos para as seis da tarde, o trem apitava na curva do Tatu. Zé conferia o relógio. Em cima da hora ou no prego, como dizia ele. A rápida parada do trem, com os vários vagões cheios de pessoas sorridentes, bastava para a festa de Zé de Oliveira. Hoje, e faz muito tempo, o trem não passa mais trazendo pessoas nos vários vagões de primeira e de segunda. As viagens são feitas de ônibus, com maiores riscos nas estradas abandonadas que geram riquezas mas não dão segurança. Como a maioria das estações da malha ferroviária brasileira, de norte a sul, a estação de Bocaiuva, no quilômetro 1..045, está abandonada, se desmanchando aos pedaços, revelando o caos do sistema ferroviário do Brasil.
Enquanto é possível percorrer toda a Europa de trem, indo de Lisboa a Moscou, e pagando-se um só bilhete, no Brasil não se viaja mais de trem a não ser em condições de turismo como em Tiradentes e São João Del Rei ou em Bento Gonçalves, e em poucas cidades brasileiras. Um grupo de bocaiuvenses, tendo à frente Bim Brandão, na página Bocaiuva, do Orkut, lançou um brado de socorro: SALVEM A ESTAÇÃO DE BOCAIUVA! O apelo encontrou eco em outras pessoas e já chegou a Bocaiuva. As autoridades começam a se despertar para o problema e discutem os caminhos da sua solução. Mais pessoas na cidade se engajam na campanha para salvar a estação em abandono e fazer naquele espaço, depois de restaurado, um espaço voltado para atividades culturais para o povo.
Mais pessoas podem participar da luta a favor da estação. Basta entrar ná página BOCAIUVA MINAS GERAIS no orkut e aumentar o número de pessoas que ainda acreditam que nem tudo está perdido, que, com boa, vontade e sem demagogia, é possível recuperar o patrimônio histórico da cidade. Todos, pois, à luta para reconstruir a estação de trem de Bocaiuva e de outras cidades, enquanto o trem não volta a passar. Quem sabe, um dia, ele apitará na ponte do Macaúbas conduzindo novamente pessoas? **** ***** Antônio Augusto dos santos